Da tradicional escalação de artistas do universo televisivo, a Mostra tem tudo para não constranger nessa 18ª edição.
Constranger, entenda-se, naqueles casos em que um rosto famoso encabeça determinado elenco – quando não um solo - e capricha nas concessões ao “jogar para a galera”, tudo a girar em torno da triste figura, esboço do que às vezes nem chega a vingar. O espectador do Festival sabe de vários exemplos assim.
Pelo que assistimos até aqui, na temporada paulistana, Marília Gabriela, na defesa de Aquela Mulher; Cássia Kiss, à frente de O Zoológico de Vidro; e Thiago Lacerda, no papel título de Calígula, eles estão muito longe da linha mediana, para não dizer medíocre, nos projetos que abraçam.
São trabalhos consistentes, a começar pelas dramaturgias: José Eduardo Agualusa (o escritor angolano em surpreendente estreia no gênero), o clássico norte-americano Tennessee Williams e o pendor político e existencial do franco-argelino Alberto Camus.
Se não necessariamente ousam em termos formais, essas montagens, de partida, já valorizam as inteligências do texto e do seu público, o que não é pouco.
O projeto carioca que envolve Clarice Niskier e Julia Lemmertz em Mary Stuart, de Friedrich Schiller, tem potencialidades que não deve desperdiçar. Sua contrapartida inevitável está na livre recriação paulista para a mesma obra, a adaptação Rainha[(s)] - Duas Atrizes em Busca de um Coração, com a dupla Georgette Fadel e Isabel Teixeira.
Regina Braga (de dramas bem sucedidos nos anos 1990, como Cenas de um Casamento, de Bergman) e Rodolfo Vaz (membro do Galplão e premiado há pouco por Salmo 91) têm bagagem para narrar com inventividade as variações sobre a finitude e seu avesso em Por um Fio, transposição da obra de Drauzio Varella, ainda mais quando aquecidos de apresentações recentes em Porto Alegre e Belo Horizonte.
Aos amigos - Autor(Nelson de Sá)
Há 12 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário