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sexta-feira, 13 de março de 2009

Exposição e Lançamento do Livro "Fotografia de Palco"

Imagem de Lenise Pinheiro clicada no espetáculo 4.48 Psicose. Texto de Sarah Kane, dirigido por Nelson de Sá e interpretado pelo ator Luis Paetow no Teatro Paiol, em 2004.


A fotógrafa Lenise Pinheiro, que tem 25 anos de carreira e já clicou mais de 500 espetáculos, lança o livro Fotografia de Palco e também expõe alguns de seus trabalhos no Festival de Curitiba deste ano. O lançamento é dia 22/03, 11h, no MemoriaL. Já a exposição pode ser vista de 17 a 29 de março no Memorial. lenise conversou com o Blog do Festival para contar um pouco da sua trajetória. Confira.


Quando e como começou sua carreira?
Fotografo desde criança, minhas tarefas e atividades escolares eram recheadas de imagens.

Fotografar teatro foi uma escolha sua ou do destino?
O teatro assim como a fotografia apareceram muito cedo para mim. Aos doze anos escrevi e encenei minha primeira peça na escola (de freiras) que estudava. O texto era carregado de acidez. No auge da ditadura, vislumbrei no palco, o meu destino.

Qual foi o primeiro espetáculo ou artista que fotografou?
Em 1983. O espetáculo Laços, na Escola de Arte Dramática (EAD - USP), direção de Odavlas Petti. O grupo chamava-se Ar-Cênico.

Tem idéia de quantos espetáculos já fotografou?
Minha contabilidade estava em 500 montagens em 2005. De lá para cá esse número aumentou consideravelmente. Perdi a conta.

Nesta edição do Festival você lança o livro Fotografia de Palco. Quantas imagens estão no livro?
O livro Fotografia de Palco, tem 456 páginas e 571 fotos.

Como foi esse processo de seleção? Obviamente você teve que fazer escolhas porque seria impossível publicar tudo o que você já fotografou, certo? Que critérios foram usados para esta escolha?
Desde 1997 trabalho na elaboração do livro. Sou responsável pelo projeto gráfico da publicação, que ao longo do tempo foi se apresentando como um mosaico para mim. No processo de elaboração, persegui as imagens, para que se encaixassem e formassem um conjunto harmonioso, seja na forma como no conteúdo. O livro apresenta facetas distintas de 25 anos de profissão. Selecionei as imagens por capítulos: Camarins, Ensaios Pessoais, Figurinos, Cenários, Iluminação e Cenas.

Vamos falar da exposição de suas fotos no Memorial. Quantas imagens foram selecionadas para esta mostra? Quem selecionou?
Sou a curadora da mostra que reúne 17 fotos realizadas em palcos Curitibanos. É uma homenagem para a cidade que completa 316 anos.

Qual foi a foto mais difícil ou complicada que você já fez? E por que?
São muitos anos e muitos trabalhos. As complicações surgem e desaparecem como um passe de mágica.

Quando vai fotografar um espetáculo, você se prepara como?
Me concentro ao máximo e dou tudo de mim. Participo com entusiasmo. Tenho sempre em mente que..."É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã"...tem funcionado.

Quanto pesa o equipamento que você usa? É sempre o mesmo ou muda de acordo com o trabalho?
Distribuo meu equipamento em duas bolsas para equilibrar o peso (não sei quanto pesa). Tenho ainda acessórios, filtros e tripés. Utilizo os recursos de acordo com a necessidade do trabalho.

Já aconteceu alguma coisa engraçada ou inusitada enquanto você fotografava? Pode contar?
Já apaguei incêndios no sentido figurado, dissolvendo brigas e restaurando a paz em diversas situações. Já vi muita coisa acontecer mas mantenho meu olhar atento para não colaborar com a desordem que às vezes se instaura, principalmente em épocas de estreias. Falo o mínimo possível. Isso ajuda a não pagar mico.

Você registrou todos os Festivais de Curitiba, desde o primeiro. Qual a sua relação com o Festival de Curitba? Qual a sua expectativa para este ano? Vai fotografar também ou dessa vez vai só lançar o livro?
Tenho muito carinho pelo Festival. Na primeira edição, dei uma oficina de fotografia onde alguns profissionais da cidade se formaram. Quanto ao encontro é sempre emocionante. Agora em 2009 venho lançar o livro e abrir a exposição, conciliando a cobertura para a Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, para o Universo on Line - UOL, site onde mantenho uma fotocoluna semanal e para o Cacilda Blog de Teatro que mantenho em parceria com o Nelson de Sá.

Com o livro e a exposição você, que já fotografou tanta gente, agora é o foco da foto. Como se sente?
Parodiando Antoine Saint Exupéry. Sinto-me responsável por tudo aquilo que cativo.

O olhar de fotógrafa te acompanha o tempo todo, ou só quando está trabalhando?
Acredito que o fotógrafo é um esteta o tempo todo.

Você tem uma foto predileta?
Tenho muitas fotos prediletas, minhas e de outros autores. Por exemplo, a foto com Charles Chaplin e o garoto, para mim é uma inspiração.

Qual o trabalho mais difícil que já fez?
As coberturas de festivais são difíceis, exigem muito do profissional. Técnica e organização são ingredientes fundamentais. A dificuldade vai se dissipando com a prática. Mas o volume de trabalho é gigante.

Que artista ainda não fotografou e gostaria de fazê-lo?
Tenho muito a fazer. Alguns veteranos como o Francisco Cuoco ainda não passaram pelas minhas lentes. E tem ainda os que vão chegar.

Você fotografa também por hobby ou só profissionalmente?
Meu hobby é a culinária. Na fotografia sou muito rigorosa até com as fotos de viagem e lazer.

É preciso criar um clima para cada foto ou cada imagem já tem o seu clima?
A instabilidade dos temperamentos criam climas incríveis. É só aproveitar!

Você trabalha tanto com fotos posadas como de cena, certo? A posada é mais fácil de clicar? Qual você gosta mais?
Difícil estabelecer essa divisão, o limite entre a dificuldade e a facilidade está na sutileza. Gosto de tudo.

Quais as principais características necessárias para ser um bom fotógrafo de espetáculos?
Rigor, técnica, charme, métrica, dinâmica, clareza, contraste e brilho, muito brilho.

Com tanta experiência na bagagem, você ainda fica nervosa ou ansiosa antes de uma foto?
Desde o início me sinto apenas disponível para os trabalhos. Nervosismo e ansiedade atrapalham.

Qual é a parte mais difícil nesta carreira?
Lidar com as pessoas arrogantes.

O que mais te agrada na profissão?
O contato direto com o fazer teatral.


O que mais te irrita?

Trabalhar com fome e com sono.


A maior alegria de um fotógrafo é?
Publicar livros.


O pior pesadelo de um fotógrafo é?
Ter o equipamento roubado. Passei por isso em 2007.


Se você não fosse fotógrafa seria o que?
Infeliz