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terça-feira, 24 de março de 2009

Clowns de Shakespeare pela primeira vez no Festival




Com 15 anos de existência, o grupo Clowns de Shakespeare, de Natal, apresenta, dias 28 e 29 no Teatro Paiol, Muito Barulho Por Quase Nada. O Blog do Festival conversou com o diretor da companhia Fernando Yamamoto.


O grupo só encena espetáculos de Shakespeare?
Não, apesar de ser uma das principais linhas de pesquisa do grupo. Também já montamos outros autores como Brecht, Esopo, La Fontaine e dramaturgia própria.

Muito Barulho Por Quase Nada é um musical. Seguem o texto original ou somente se inspiram em Shakespeare?
Existem adaptações em algum grau, alguns cortes, mas em geral buscamos manter o texto original, não é uma recriação da obra.

Todos os atores da companhia são músicos ou aprenderam a tocar para este espetáculo?
Apenas o Marco França, que além de ator é diretor musical do grupo, tem formação em música. Os demais aprenderam, há seis anos atrás, a tocar e cantar para o espetáculo, que é o primeiro que usa música executada ao vivo na nossa história, e desde então vêm investindo em sua formação musical.

Esse é o 10º espetáculo da companhia. Quem decidiu que seria a vez dele e por que?
É um texto que já namorávamos há alguns anos, praticamente desde a formação do grupo, e foi um processo de maturação gradual da idéia de montá-lo.

Pretendem encenar todas as peças do Bardo?
Não, não temos essa pretensão. Já fizemos cinco montagens Shakespearianas, todas comédias, e devemos agora partir para o resto da obra dele, as tragédias e dramas históricos. Mas a relação com o autor é fazer com que a sua obra dialogue com a nossa visão de mundo e as questões que, no momento, nos dizem respeito, e não tentar conquistar números em relação à sua obra.

O que Shakespeare tem de tão especial? Só nesta edição, contei mais de 6 montagens do autor.
Shakespeare é, provavelmente, o dramaturgo que melhor entendeu a essência humana em todos os tempos. Como diz Jan Kott, em "Shakespeare, nosso contemporâneo", cada época encontra em Shakespeare o recorte que lhe interessa, isso é o que garante a sua universalidade, que continua tocando e falando a todas as pessoas, de todas as épocas, de todos os lugares.

Como é se apresentar tão longe de casa?
É, na realidade, a nossa rotina. Trabalhamos mais fora de Natal, do que lá.

O público de Natal é diferente do de Curitiba, ou público é sempre igual?
Não estivemos ainda em Curitiba. A nossa única ida ao Paraná foi para Londrina. Era a única capital sulista que faltava apresentarmos. O público de fora do Nordeste é muito diferente, recebe o espetáculo de forma diferente, não menos calorosa, mas cada lugar tem suas particularidades.

Já que é a primeira vez do grupo no Festival, qual é a expectativa?
Para nós é importante esse passo que o Festival de Curitiba, caracterizado por ser um festival de mercado, dá na abrangência da sua curadoria em espetáculos de grupo e, em especial, do Nordeste.

Se Shakespeare estivesse na platéia do seu espetáculo o que gostaria de ouvir dele ao final da apresentação?
Qualquer coisa que ele falasse. Com certeza seria algo muito melhor do que o que eu poderia te responder.